Não poderia inaugurar este blog com outro tópico senão com a famigerada sessão zero. Ultimamente muito se fala sobre a sessão zero, e sua importância em uma campanha de RPG bem sucedida. Grupos de novatos tem cada vez mais adotado esta prática, e grupos de veteranos realizam a sessão zero sem nem saber que estão realizando a sessão zero. Neste artigo eu vou dar algumas dicas do que funcionou em minhas mesas. Teste as dicas de este artigo, acrescente seus próprios rituais e abandone o que não funcionar para você e seu grupo.

O que faz uma boa sessão zero? Apesar da resposta varias de grupo para grupo, reuni 5 que tem funcionado ao longo dos anos em minhas mesas:

1 – Defina o clima da mesa

Apesar de uma campanha de RPG possuir diversidade de clima, definir o clima principal da campanha é fundamental para o engajamento dos jogadores. Uma mesa com o clima mais sério, jogando uma aventura de terror dificilmente terá sucesso se os jogadores constantemente fizerem piadas que quebram a imersão na história. Setar as expectativas com relação ao clima também ajuda na criação dos personagens jogadores. Uma mesa com clima mais leve, dificilmente terá espaço para se aprofundar no passado trágico de algum dos personagens.

2 – Garanta que todos estão de acordo com a história a ser contada

Uma aventura de RPG é uma construção entre mestre e jogadores. E os jogadores precisam trabalhar em conjunto contando esta história. Uma aventura de exploração de masmorra não irá funcionar se os personagens passarem o tempo todo na cidade. E uma campanha onde a intriga política é importante talvez não seja de interesse de um jogador que prefere ter combates na maior parte das sessões. Não tem problema os jogadores desviarem a história para suas preferências, desde que todos estejam de acordo e isto não atrapalhe a diversão dos demais.

3 – Esclareça as regras da mesa

Muitos grupos modificam as regras do sistema, ou utilizam regras customizadas em alguns casos. Deixar isto claro antes de começar evita frustrações por parte dos jogadores. Também é nesta etapa que os “Materiais Permitidos” e Materiais Proibidos” são discutidos. Esclarecer quais livros estão disponíveis para que os jogadores escolham suas opções, quais homebrews podem ser utilizados, e quais não são permitidos, além de discutir futuras opções para os personagens ajuda a garantir a diversão futura.

4 Criação ou aprovação dos personagens

Muitos grupos preferem criar seus personagens na sessão zero. Para aqueles que criam seus personagens antes, eu recomendo uma aprovação do personagem por parte do mestre ou do grupo. “Mas eu não posso jogar com o personagem que eu quero?” Infelizmente as vezes não é possível. Em aventuras de fantasia medieval clássica, um grupo de 4 magos dificilmente vai funcionar bem. Assim como um grupo apenas de Especialistas em Ordem Paranormal. Se a aventura não for preparada para grupos de apenas uma classe, o melhor é equilibrar o grupo antes da campanha começar. Também é nesta etapa que os objetivos dos personagens e o passado são passados ao mestre. Não é necessário escrever 5 páginas sobre seu personagem nível 1, mas é importante para o mestre saber daonde ele veio, por que se aventura e quais seus objetivos a curto prazo.

5 – Amarrar o passado dos personagens

Este passo não é obrigatório, mas as vezes, é melhor os personagens começarem já com algum tipo de relação. Eles não precisam compartilhar seu passado, mas serem da mesma vila, do mesmo país, terem trabalhado para o mesmo empregador, estudado na mesma escola ou estarem todos presos no mesmo lugar funciona para começar a aventura. Este passo remove da aventura aquele momento constrangedor dos personagens se conhecendo, e dos jogadores tendo que fazer malabarismos para confiarem uns nos outros e seguirem em busca de um mesmo objetivo. A relação entre eles nem precisa ser complexa, mas estarem no mesmo local, terem um NPC como amigo comum ou fazerem parte da mesma organização é o suficiente.

Dica Extra

RPG é sempre sobre escolhas, e você pode escolher o que funciona melhor pra você. O objetivo deste artigo é fornecer uma estrutura que tem funcionado ao longo de anos de experiência, e não uma verdade escrita em pedra. Você pode ter mais passos antes de começar uma campanha, ou pode não seguir nenhum e ter o mesmo sucesso. Quanto mais você conhecer seus jogadores, menos preparação é necessária antes de começar.

3 respostas para “A importância da sessão zero”.

  1. Avatar de Gisele Portes

    Bme interessante esse texto! Jogava RPG de mesa na época da escola e realmente sem um planejamento antes nenhuma aventura seguia em frente kkk

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    1. Avatar de Thiago Gabriel

      Este planejamento é importante pra evitar frustrações. Pode não garantir que a aventura vai seguir em frente, mas ajuda. Você ainda joga RPG hoje?

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  2. […] Até agora falamos sobre questões que não tem relação mecânica ou que não interferem nem um pouco com o personagem. Mas e se formos mais além? Muitas histórias interessantes são sobre as dificuldades de um personagem e como superá-la. Drizzt sofre preconceito pelos crimes dos drow, e é encarado com desconfiança por todos os desconhecidos. Mesmo quando ele se prova um herói, ainda assim é impedido de entrar na cidade que acabou de salvar. Uma das maiores sagas do Homem de Ferro é “O Demônio na Garrafa”, onde Tony Stark precisa lidar com o alcoolismo. Este problema foi parcialmente adaptado no cinema em Homem de Ferro 2. Criar um personagem com fraquezas e detalhes que dificultam a vida dele é um passo maior que o comentado anteriormente, mas pode resultar em histórias interessantes. Estes detalhes podem ser discutidos com o mestre durante a sessão zero. […]

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